quarta-feira, junho 30
Edward, O Vampiro Kaka?
A questão foi colocada de forma simples no título de uma coletânea de Elvis Presley de 1959: “50 milhões de fãs não podem estar errados”. Em outras palavras, o sucesso popular não deveria admitir contestação crítica.
De tempos em tempos, porém, surge um fenômeno para relativizar, ou ridicularizar, a frase. Backstreet Boys, Justin Bieber, “Todo Mundo em Pânico”, “Crepúsculo”…
A julgar pelos dois primeiros episódios da série baseada nos livros de Stephenie Meyer, milhões de fãs adolescentes podem, sim, estar errados. Mas “Eclipse”, terceiro filme da franquia, mostra que ao menos eles não estão redondamente enganados.
A defasagem entre popularidade e qualidade torna-se aqui muito menor. Esse talvez seja o primeiro episódio da série que se justifique como um blockbuster.
O novo filme não elimina certos problemas dos anteriores. Os diálogos pomposos, os cenários new age, o estilo de direção básico (para não dizer primário) ainda marcam presença, mas de forma atenuada. Por outro lado, há mais autoironia, mais erotismo, mais suspense.
O terceiro episódio tem a sabedoria de preservar o “coração” da série: menos a construção de um novo olhar sobre o filme de vampiro e mais a aposta em um ultraromantismo antiquado, que não admite cinismo.
Aqui, ganha contornos definidos o triângulo amoroso entre Bella (Kristen Stewart), o vampiro Edward (Robert Pattinson) e o lobisomen Jacob (Taylor Lautner). Ela terá de escolher entre o amor casto do primeiro e a atração sexual exercida pelo segundo.
Enquanto isso, Edward, Jacob e os respectivos grupos se unem a contragosto para defender Bella de um exército de novos vampiros.
O vampiro Kaká
Como os episódios anteriores, “Eclipse” faz uma defesa não muito velada da abstinência (simbolizada por Edward), uma opção que encontra eco na sensibilidade “emo” de milhões de adolescentes do mundo em tempos de conservadorismo sexual.
Se Edward fosse um futebolista, e não um vampiro, ele seria Kaká –admirado por tantas jovens por ter se casado virgem.
Conseguir metaforizar alguns dos problemas essenciais da adolescência em um filme de gênero e ainda sintonizar a sensibilidade de uma faixa etária e de uma época não são tarefas desprezíveis. Talvez Elvis não estivesse tão errado assim.
Fonte: FolhaOnline
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