O termo “podre de rico” pode ser muito comentado, mas no século 19 ele realmente tinha um significado. As classes privilegiadas eram cheias de pompa e o romance de Guy Maupassant, que trata de escândalos sexuais e corrupção, Bel Ami, capturou várias idas e vindas através do história de um jovem que usa o sexo com arma. É justo então que a adaptação tenha sido criada em um momento em que os olhos de muitos estão na riqueza de poucos e tudo parece relevante novamente, um século após a publicação do romance. Os diretores Declan Donnellan e Nick Ormerod trazem a decadência e o deboche para o mundo real e o filme parece fantástico. Suaves tons pasteis e elaborados conjuntos ornamentais trazem o fin-de-siècle de Paris para o mundo real, mas é a estrela do filme, o anti-herói, que realmente eleva a história além do usual rasga-corpete de sempre.
Robert Pattinson dá um ar ameaçador a personagem de Bel Ami, com olhos famintos sobre as mulheres em seu caminho, espalhando por toda Paris olhares vulgares e uma sexualidade ameaçadora. Ele pode ser imoral e as vezes repugnante mas é mérito de Pattinson manter tudo sob controle, exalando um charme escandaloso que faz as mulheres terem um chilique. Ele é como o Heathcliff de “Morro dos Ventos Uivantes”, só que mais excitado. Acrescentada à mistura está uma tríade de beldades cativantes como Christina Ricci (a jovem romântica), Uma Thurman (uma provocadora politicamente ambiciosa) e Kristin Scott Thomas (uma dona de casa insegura) Em particular Ricci aparece com seu olhar faceiro e pele de porcelana mas é Schott Thomas que faz um trabalho exemplar ao trazer a ingenuidade de Virgìnia à vida. É a maneira como eles desempenham, os quatro juntos, que garante a natureza sombria do filme que se desenrola de uma maneira atrativa, prestando o devido respeito à fonte de Maupassant (ainda que um ligeiro ajuste no final fosse uma medida acertada).
Mas não importa o quanto o filme seduz, ainda cheira a diretores que restringem um pouco. As cenas de sexo são breves, fugazes e mal editadas apesar de uma sensualidade geral, e há momentos de tensão emocional que são impedidos de continuar o quanto deveriam. Nunca é o suficiente para realmente manchar o filme mas, dada a fonte, há uma restrição um pouco exagerada. Dito isto, a janela para uma sociedade sexualmente liberada (para a época) mulheres e homens corruptos, juntamente com a forma lúdica que os diretores desvendam as semelhanças com relacionamentos modernos, tudo isso é feito para uma diversão surpreendentemente boa, apesar do tom sombrio.
Veredito:
Um conto chocante de sexo e as conspirações que são trazidos à vida pelo elenco. Mais divertido do que você poderia esperar, e ainda é um conto de época deliciosamente obscuro que permanece fiel ao tom de romance.
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